Amy Winehouse & Paulo de Tarso

Uma pessoa me mandou um SMS naquele sábado, avisando que a Amy tinha morrido. E foi assim que eu soube, porque estava dormindo e não acompanhava noticiários ou coisa parecida. Esta pessoa dizia na mensagem que estava chocada com a notícia. Eu também fiquei, mas cheguei à conclusão de que ficaria mais chocada se ela vivesse 80 anos no ritmo com que ela levava a vida e a saúde dela. Isso sim seria assustador. A partir deste pensamento, desencadeou em mim uma série de conclusões sobre o assunto.

Uma pessoa como essa morrer cedo é o mínimo que podemos esperar. Ela estava despreocupada. Não parecia ter perspectiva futura, se interessou em viver o tempo presente como bem entendesse. O que lhe importava era a sua vida, o que queria fazer e pronto. ELA QUIS VIVER TUDO DE UMA VEZ. Independente do que lhe dissessem, ela era resoluta no que escolheu pra si: "no, no and no". Constante nas suas "atividades", gastou muito, gastou demais. Gastava de uma vez só. Gastou tudo até o último fôlego. E daí fiquei com gastar na cabeça.

O interessante é que fiquei com a palavra gastar na cabeça, e me veio a figura de Paulo. Fiquei pensando que se tem uma pessoa que sabe o que é gastar, é ele. Fiquei com uma frase: "Quanto a mim, eu me gastarei..."

Paulo se viu diversas vezes nessa situação, em que teve que confirmar o que já havia decidido. Ele decidiu compartilhar seus dons, seu tempo e energia, todos os ensinos aos pés de Gamaliel, sua intercessão e seu amor, em prol de uma causa maior do que ele mesmo: fazer o Deus verdadeiro conhecido em todos os povos. Seu conhecimento foi distribuído, realizou demonstrações de poder para manifestar o Evangelho. Seu corpo foi machucado, diversas vezes ameaçado. Independente de reconhecimento, ele decidiu. "Eu vou me gastar nisso". ELE QUIS VIVER TUDO DE UMA VEZ. Aquele corpo presente que ele tinha já não era valioso, preferiu utilizá-lo em prol de algo que ele esperava alcançar. Se tivesse de se recomendar para os que já o conheciam e viram suas ações, ele o faria. Se tivesse de curar, curaria. Ou se tivesse de confrontar, confrontaria. Não pedia nada de ninguém. Ele se firmou na posição que escolheu: "sim, sim e sim". E decidiu se gastar nisso, até a última oportunidade. A tempo e fora de tempo.

Ela se gastou toda. Ele se gastou todo. Ela sofreu. Ele sofreu.

"Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.

Tenho-me tornado insensato; a isto me constrangestes. Eu devia ter sido louvado por vós; porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou. Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos. Porque, em que tendes vós sido inferiores às demais igrejas, senão neste fato de não vos ter sido pesado? Perdoai-me esta injustiça. Eis que, pela terceira vez, estou pronto a ir ter convosco e não vos serei pesado; pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros. Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.

Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma.

Se mais vos amo, serei menos amado? "

Segunda carta de Paulo aos que estavam em Corinto - capitulo 2, versículos 10 a 15.

"Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor, mas a palavra de Deus não está presa. Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará. Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo."

Segunda carta de Paulo ao seu discípulo Timóteo - capítulo 2, versículos 9 a 12.